Carta ao Sr. Director do Jornal "I"
Exmo Senhor Diretor do Jornal "I"
Foi de forma consternada e triste que tomámos conhecimento da notícia elaborada pelo Sr. Carlos Diogo Santos publicado em 31 Jan ultimo no Jornal “I”, pois é com muita estranheza que como Presidente nunca fui contatado pelo Sr Jornalista em questão, nem o mesmo solicitou na Central do nosso quartel o meu contato. Logo é muito estranho numa lógica de informação pública digna de um Estado de Direito e Democrático, que no mínimo, tal esforço tivesse sido feito. Mas admito que a responsabilidade da informação que Vossa Excelência possui é nossa, pois há muito que nós deveriamos ter informado o Jornal “I”da atual situação que se vive na AHBV Cruz de Malta. Pois foi á conta do último artigo, anterior a este em 2013, que eu tomei a iniciativa de tentar salvar a Cruz de Malta. Aproveito para pedir desculpas por só agora estar a responder ao Jornal, mas estive ausente no estrangeiro.
A nossa Associação Humanitária, desde de 28 out 2013 mudou de Direção pois quando tomámos posse em circunstâncias dificeis, que o proprio Sr. Jornalista sabe muito bem, e numa ação de tentativa de salvação da nossa Associação da eminência de extinção por parte da Aut. Nac. De Proteção Civil (ANPC) avançámos e a situação está, Graças a Deus, em recuperação.
Assim, antes demais, permita-me que relate um pouco a nossa história:
A Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários de Cruz de Malta, fundada em 1918 por Cavaleiros da Ordem Soberana e Militar de Malta, requer uma atenção e dedicação especial.
O contexto histórico-social da segunda década do século passado, caracteriza-se pela ocorrência e decorrências do primeiro conflito bélico mundial (1914-1918) a que se somaram algumas epidemias, nomeadamente a denominada Gripe Espanhola (1918-1919), identificada no começo de março de 1918 em tropas dos Estados Unidos, mas que em outubro de 1918 estava já espalhada por todos os continentes, tornando-se numa pandemia mundial. Com efeito, apesar de pouco duradouro, tratou-se de um flagelo extraordinariamente violento e mortal que ao fim de seis meses tinha já dizimado cerca de 25 milhões de pessoas, havendo estimativas que apontam mesmo para um número duas vezes maior.
Em 27 de setembro de 1918, volvidos apenas 19 anos desde a fundação da Assembleia dos Cavaleiros Portugueses da Ordem de Malta, um grupo de Cavaleiros, motivado pelo espírito fundador e por preocupações assistencialistas decorrentes, nomeadamente, da epidemia que então grassava impiedosamente, funda a 1.ª Secção Auxiliar de Socorros da cidade de Lisboa, com a designação de Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários da “Cruz de Malta”, sob o lema "Pro Fide et Pro Utilitate Hominum".
Um lema que nos recorda o espírito que esteve na origem da fundação da Ordem há mais de 900 Anos em Jerusalém e coincide com o ambiente de Fé que se começava então a viver em Portugal com as Aparições de Nossa Senhora, em Fátima, pouco mais do ano antes da fundação deste Corpo de Bombeiros. Em pouco tempo, os Bombeiros Voluntários da "Cruz de Malta", para além dos serviços prestados na sua área de influência, estavam na estrada a auxiliar os peregrinos a Fátima, tal qual a Ordem o faz ainda hoje, tal qual a Ordem o fez outrora aos peregrinos à Terra Santa.
A Ordem de Malta comemorou os 900 anos do seu reconhecimento Papal, em 2013, como organização benfeitora e dedicada ao apoio dos Peregrinos, em especial os da Terra Santa. Dotada de Soberania desde dessa data, o que lhe promove uma autonomia suficiente para estar presente em mais de 110 países desenvolvendo o mesmo trabalho continuado de apoio aos que sofrem de forma politica e diplomaticamente estruturada.
Situação recente:
Apesar de esta ligação com a Ordem de Malta ter-se perdido ao longo destes 95 anos. Esta aventura de recuperar a Cruz de Malta apresentou-se aos atuais Cavaleiros da Ordem de Malta, que como é o meu caso, e de outros elementos dos Corpos Sociais que foram eleitos, como um grande desafio.
Ao tomar conhecimento da situação que se vivia na Cruz de Malta portuguesa, na sequência de um artº jornal "I" em 2013, e sendo paralelamente Vice-Hospitalário da Ordem de Malta e representante português na Malteser Internacional, ONG que apoia diretamente os maiores eventos de tragédia e de sofrimento do mundo atual. Achei que deveria ter a obrigação moral de tudo fazer para não se perder um capital de 95 anos e uma estrutura á qual poderei, através dos apoios da Ordem a nível internacional, enriquecer e dotar de meios que possam beneficiar quem precise. Após ter convencido a anterior direção a demitir-se para podermos, através de um corte radical com o passado, recente, da Cruz de Malta, levar a cabo um projeto idóneo e sério, cumpridor de toda a legalidade envolvente a este universo de apoio humanitário. Foram realizadas eleições e a Lista que nós apresentámos foi a única e por conseguinte a vencedora.
A atual direção, assim como os restantes membros dos O.Sociais, tomaram posse em 28 de out 13, tem como Pres. da Assemb. Geral o Almirante Luis Macieira Fragoso, atual Chefe de Estado Maior da Armada.
ASSEMBLEIA-GERAL
Presidente: Sócio – Almirante Luis Fragoso
Vice – presidente: Sócio – Professor Doutor Carlos França
1.º Secretario: Sócio – Dr. José Menezes
2.º Secretario: Sócio – Dr. Francisco Medeiros
DIRECÇÃO
Presidente: Sócio – Tenente Coronel João Alvelos
Vice-presidente. Sócio – Dra Maria do Céu Garcia
1.º Secretario, Sócio – Dra. Mónica Silva
2.º Secretario, Sócio – Dr. Rui Faustino
Tesoureiro: Sócio - TCor Francisco Oliveira
1.º Vogal: Sócio – Sarg. Mor Ilidio Gonçalves
2.º Vogal: Sócio – Dr. Mário Morais
CONSELHO FISCAL
Presidente: Sócio – Dr. António Brandão de Pinho
Vice -presidente: Sócio – Dr. Rui Portugal
Secretario relator, Sócio – Dr. Gonçalo Trancas
O Comandante indigitado é o Sr Cmdt Eduardo Marianinho.
A sobrevivência desta Instituição Cruz de Malta é essencial para dar continuidade a projetos sociais já desencadeados como sejam a cooperação com a "Ass. Coração Amarelo" que cuida de idosos que vivem sós, assim como projetos ligados á constituição de Centros de Dia para séniores num futuro próximo. O Protocolo com o Instituto de Ciências da Saúde que irá proporcionar uma revista periódica de higiene e saúde aos Sem-Abrigo da cidade de Lisboa, entre outros. De certa forma é dar continuidade a um acervo histórico com quase 100 anos e com o espírito de uma organização já com mais de 900.
Eu fiquei chocado de esta situação ter chegado ao que chegou, sem as anteriores Direções terem feito nada. Mas dou uma garantia que tudo farei para que ninguém se envergonhe do trabalho que irá ser desenvolvido na Cruz de Malta em breve.
Peço portanto a Vossa Excelência que tendo em consideração a Responsabilidade Social do Jornal I que pudesse considerar esta, (Cruz de Malta) a única entidade que agora pode ajudar a obra assistencial da Ordem de Malta em Portugal, de forma estruturada, e que apoiasse uma nova oportunidade de renascimento.
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Completamente destroçado e sem outro assunto, mas certo do vosso sentido de Justiça, apresento a Vossa Excelência os melhores cumprimentos
João Alvelos
Presidente da Direção da Cruz de Malta